“Bola de fogo” no céu do ES era parte de foguete da SpaceX, confirma rede de monitoramento

Moradores de cidades do Norte e Noroeste do Espírito Santo se surpreenderam ao observar uma intensa luz cruzando o céu na noite da última quarta-feira (14). O fenômeno, registrado em vídeos feitos em municípios como Alto Rio Novo e Pinheiros, gerou curiosidade e especulações. A confirmação oficial veio no dia seguinte: tratava-se da reentrada de uma parte de um foguete Falcon 9, da empresa SpaceX, de Elon Musk.
A informação foi divulgada pela ONG Exoss (Exploring the Southern Sky), especializada em monitoramento de meteoros, em conjunto com a Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON). Segundo os pesquisadores, o objeto era o segundo estágio do foguete lançado em 2014, na missão que colocou em órbita o satélite de comunicações AsiaSat 8.
Trajetória monitorada
Após quase 11 anos em órbita, a estrutura conhecida como ASIASAT 8 FALCON R/B reentrou na atmosfera da Terra, percorrendo cerca de 1.500 quilômetros em aproximadamente quatro minutos, com velocidade entre 6 e 7 quilômetros por segundo. A maior parte da estrutura se desintegrou durante a reentrada, e os fragmentos remanescentes caíram na Bahia.
Marcelo De Cicco, coordenador do projeto Exoss e membro da Sociedade Astronômica Brasileira, explicou que o Brasil frequentemente está na rota de reentrada de detritos espaciais devido à sua localização próxima à linha do Equador. “Essas órbitas geossíncronas acabam concentrando detritos espaciais em regiões equatoriais, muitas vezes chamadas de ‘sul global’”, detalhou.
Riscos à população são baixos
Embora o brilho intenso tenha chamado atenção, especialistas reforçam que o risco de danos à população é muito baixo. Estima-se que entre 60% e 80% da massa de um foguete como esse se desintegre durante a reentrada. Os fragmentos que resistem costumam cair no mar ou em áreas desabitadas, como ocorreu nesse caso.
Segundo a organização Aerospace.org, a chance de impacto em áreas povoadas é mínima, mas o evento reforça a importância de protocolos internacionais para reentradas controladas e de políticas de monitoramento de lixo espacial.
Inicialmente confundido com meteoro
Antes da confirmação oficial, especialistas cogitavam que o fenômeno poderia se tratar de um meteoro ou da reentrada de lixo espacial. O astrônomo Adriano Leonês, da Universidade de Brasília (UnB), destacou que ambos os eventos podem produzir rastros luminosos semelhantes.
A Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) informou que, devido ao tempo nublado no estado no momento da reentrada, não foi possível monitorar o fenômeno com os equipamentos locais.

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