Safra 2025/26: arábica sofre retração, enquanto conilon alcança recorde histórico

Safra 2025/26: arábica sofre retração, enquanto conilon alcança recorde histórico

Desde 2020, a cafeicultura brasileira enfrenta uma sucessão de desafios climáticos que têm comprometido volumes e potencial produtivo. O cenário voltou a se repetir na safra 2025/26, com impactos distintos sobre as duas principais variedades.

Conilon em expansão

A produção de café robusta deve alcançar 25,8 milhões de sacas, crescimento de 21,9% frente ao ciclo anterior. No Espírito Santo, maior produtor nacional, a safra de conilon está projetada em 19,2 milhões de sacas, avanço de 28,9% sobre 2024/25. O resultado reflete condições climáticas mais próximas da normalidade, uso intensivo de irrigação e maior vigor vegetativo no norte capixaba e sul da Bahia.

Arábica em queda

Já o arábica deve totalizar 36,5 milhões de sacas, retração de 18,4% em relação ao ano anterior. No Espírito Santo, a produção está estimada em apenas 3 milhões de sacas, queda de 27,6%.
A estiagem prolongada e as ondas de calor de 2024 reduziram o potencial produtivo ainda na florada. Em 2025, chuvas irregulares, frio acima da média e geadas no Cerrado Mineiro agravaram as perdas. O resultado foram grãos menores, rendimento abaixo do esperado e queda na qualidade — com redução no percentual de peneira 17 e aumento expressivo de grão moca, que chegou a 20%, contra média histórica de 10%.

Um ano atípico para o clima agrícola

O calendário climático de 2025 foi marcado por contrastes:

  • Abril: chuvas abundantes no Centro-Oeste e Sudeste recuperaram a umidade do solo.

  • Maio a julho: sucessivas frentes frias trouxeram nebulosidade e temperaturas abaixo da média, sobretudo no Sul de Minas.

  • Ondas de frio: foram registradas cinco, contra média histórica de duas a três, com geadas recorrentes no Sul e no Sudeste.

Perspectivas para 2026/27

O próximo ciclo tende a ser mais favorável ao arábica, graças às chuvas de fim de 2024 e início de 2025, além da bienalidade positiva estimulada pelas podas. Ainda assim, os danos das geadas no Cerrado podem provocar perdas de até 424 mil sacas.

Para o conilon, a perspectiva segue otimista: expansão de área, novas lavouras em produção e irrigação devem sustentar resultados elevados e reduzir riscos climáticos.

Assim, a safra 2026/27 pode representar recuperação parcial do arábica e manutenção da força do conilon, que vem consolidando protagonismo crescente no mercado brasileiro.